Convenhamos que você queira começar a colecionar videogames hoje, do zero! Este artigo reflete uma experiência prática que passei (e que ainda estou passando), portanto, antes de mais nada, isso é uma opinião pessoal, pode não ser referência para muitos e haverá, sim, discordâncias, como toda boa opinião civilizada. Respeito os sentimentos individuais de cada um, ainda mais se tratando de algo que realmente marca uma vida, não é mesmo?

Mas vamos lá… Antes de mais nada, você precisa definir seus objetivos. Estamos tratando aqui o colecionador que tem o pleno perfil de jogador, ou seja, vai colecionar, sim, mas vai jogar o que tem também! Não me refiro aqui aquele colecionador, que pode até ainda ser jogador mas que fica mais garimpando coisas de forma demasiada como se fosse uma necessidade assídua de completar figurinhas do álbum do que jogando de fato o que possui. Esse tipo de pessoa acredito que tenha dinheiro de sobra, e isso não é o ponto central do artigo aqui, certo? Se tem dinheiro, meu amigo, fecha esse site e vá ser feliz!

Inclusive, já antecipo com toda sinceridade: quer ter todos os consoles e vários jogos? Consoles até que vai, pode ser que consiga os principais ainda, mas… jogos? Esquece. Considerando a geração PS2 pra baixo, é realmente complicado adquirir jogos sem ter um bom caixa dedicado a tal.

Bom, voltando aos objetivos, pra valer a pena o colecionismo, eu acho que precisaria atender o seguinte:

• Objetivo: Onde quero chegar?
• Ambiente de jogo: Onde vou jogar?
• Parte técnica: Como quero jogar?

Objetivo

É sempre bom fazer essa pergunta pra si mesmo: “onde eu quero ir com o meu hobby”? Eu sugiro que restrinja seu escopo de atuação porque, rapaz, será caro se você quiser ter tudo de uma vez. Exemplo meu: no início eu decidi ter de volta os consoles que eu já possuí mas que tive que vender (ou trocar) no decorrer das dificuldades da vida. São eles: Nintendo 8-Bits, Mega Drive, Super Nintendo e PS1. Esses consoles (considerando o Famiclones no caso do Nintendo) são até possíveis de serem vistos nas feiras de rolo e anúncios da OLX ainda. Com uma boa dose de sorte, acha-se itens interessantes a preços humanamente acessíveis.

Já hoje em dia, após o resgate dos consoles acima citados, defini uma nova meta: ter consoles “sem HDMI” (sim, considero “retrô” os consoles sem HDMI) e que sejam possíveis de jogar por meio de everdrive (cartuchos regraváveis) ou mídias regraváveis, sem considerar portáteis. Já estou quase lá, faltando apenas alguns consoles pontuais (e mais difíceis de achar).

Ambiente

Com os videogames a postos, no início pensei em colocá-los na sala de casa mas, percebi que era importante ter um ambiente dedicado ao jogo, um quarto com uma TV apenas para isso. Outro ponto que acho importante é a exposição dos consoles (e jogos, caso decida tê-los). Tem gente que gosta de deixá-los guardados devido à condições do ambiente (umidade, sol etc) ou por falta de espaço… mas, pense no que é a satisfação de tê-los sempre a mostra. É diferente, é uma sensação de recompensa e prazer. Para isso, fiz um armário com nichos, para que cada um deles fiquem ali, prontos para uso. “Pronto” entre aspas pois temos alguns detalhes sobre a parte técnica.

Parte técnica

Eu tenho uma pequena e antiga TV de tubo que acomodava esses consoles de forma bem tosca: só tem entrada RF e a RCA (vídeo composto) é por meio de um adaptador. Aí, pensei em aprofundar mais na parte técnica pois gostaria mesmo é usar esses consoles numa TV LCD, onde estava conectado meu computador pessoal, inclusive. Para atingir isso, aí entra uma nova camada de custos, que é a aquisição de cabos RGB SCART e aparelhos escalonadores de imagens.

Eu considero essa parte técnica opcional. Caso possua espaço para uma TV de tubo mais “moderna”, garanto que isso irá atender demais e as coisas ficarão mais simples porque, de fato, esse negócio de RGB é a “parte chata” da coisa mas que, meu amigo, quando você chega lá, perceberá as maravilhas que a vida proporciona. É um caminho sem volta.

Outro ponto é a parte elétrica. Seria ótimo se meus consoles estivessem todos ligados ao mesmo tempo mas isso é bem complicado (e gera uma bagunça interminável de fios). Então, o que fiz foi ligar sob demanda: em cima da mesa, já deixo todos os cabos de energia ligados em um filtro de linha/tomada dedicada (só ligo quando vou usar, para não ficar consumindo energia) e o OSSC (aparelho processador de imagens, onde conecto o cabo RGB ou vídeo componente para a saída HDMI, eliminando o delay) a postos, com os cabos em uma gaveta devidamente identificados. Dessa forma, me atendeu muito bem e não fico com preguiça em jogar: basta pegar o console, espetar os cabos e ligar.

E os jogos? Esquece!

Opa, você pulou os jogos… e os jogos? Então, muito complicado meu caro padawan… Eu sugiro de cara que vá comprar um everdrive para cada console. Entendo que é legal ter o jogo físico, é uma sensação bem empolgante e particular, mas também é difícil de achar e sustentar nos tempos de hoje. Houve uma fase boa de se adquirir jogos (considerando aqui consoles antigos) mas essa era já passou, estamos além de 2021, e jogos originais vão ficando mais caros e difíceis de encontrar.

Investimento

Rapaz, mas e o preço dessa bagunça toda? Enquanto eu escrevia este artigo, confesso que fiquei curioso em elencar os valores, considerando as opções mais práticas, na minha opinião. Vamos ver o que dá?

Lembrando que o objetivo dessa lista aqui é a praticidade! “Ah, mas eu consigo preço melhor do que esses aí…” ou. “Ah, não sei onde você vive que achou nesse valor…”. Tá bom, amigo, seja paciente. Isso aqui é só uma referência, feita em setembro de 2021 (preços possíveis de ser encontrados em anúncios particulares).

ATARI 2600

Não sugiro comprar o console original em si pois o mod RGB (procedimento feito no hardware do dispositivo para a extração dos sinais de imagem RGB) do Atari original é deveras trabalhoso. Vá com o recente Atari Flashback X, que tem saída HDMI (fuja de outras edições do Atari Flashback… apenas a 9 Gold e essa são as aceitáveis). Preço médio: R$ 600.

NES

Também é outro que não sugiro o console original pois o mod RGB, apesar de trazer resultados extraordinários, eleva o custo final, visto que o console original hoje em dia está cada vez mais escasso de se encontrar na nossa terra que foi dominada pelos famiclones. Pegue um NES mini oficial da Nintendo que já atende bem. Preço médio: R$ 800.

TURBO GRAFX 16

Esse é um que estou correndo atrás. Provavelmente devo adquirir o mini mas o modelo oficial também é possível, visto que para extrair o sinal RGB basta um cabo decente (exceto o Turbo DUO, que necessita de mod RGB). No Brasil, esse console é complicado de achar, confesso que nem sei o quanto ele custaria (achei apenas um no ML por ilógicos 4 mil). Enfim, num cenário otimista, teríamos o HuCard regravável genérico por 400, o cabo adaptado pra HDMI por 400 e o console por… 1000? Vamos seguir assim. Preço médio total: R$ 1800

MASTER SYSTEM

O original Master System (aquele vermelho e preto) não precisa de modificação para conseguir saída RGB portanto, com uma boa dose de sorte, ainda pode-se encontrar um por aí por menos de 500 reais. Mas, eu não sugiro adquirir, a não ser que tenha um valor sentimental válido por ele. Eu iria direto pro Mega Drive mesmo, visto que com o everdrive você irá rodar nativamente os jogos do Master System. Vamos considerar então: 450 pelo console, 150 no cabo e 200 num everdrive genérico. Preço médio: R$ 800

MEGA DRIVE

Esse ainda vale a pena procurar por aí pelo console original. Sugiro fortemente o Mega Drive japonês (que acho lindo), o original Sega Genesis americano ou o Mega Drive 2 da TecToy. Minha opção foi o SEGA CDX pois você já levaria o SEGA CD de “brinde” por um preço mais convidativo, visto que o módulo do SEGA CD a parte é relativamente caro e difícil de encontrar em bom estado. Conseguir o RGB no Mega Drive é simples, basta ter o cabo SCART RGB adequado (C-SYNC). Só tome cuidado com alguns modelos do Mega Drive 3, que precisam de adaptações para o mod RGB. Consideramos então uns R$ 350 pelo Mega Drive (ou R$ 800 pelo Sega CDX) e o everdrive varia de R$ 200 (os mais simples chineses) para até R$ 1600 (o mega everdrive pro, que inclusive roda SEGA CD sem necessitar do hardware adicional). O cabo encontra-se por até 200 reais. Como vai de opção de cada um, podemos considerar o preço médio de tudo, num cenário bem otimista, de R$ 1000. E o 32X? Esse é realmente um caso a parte. Eu gostaria de um mas o pessoal vende acima de 2000 reais. Sem condições.

SUPER NINTENDO

Também é uma boa adquirir o console. Acha-se aos montes em anúncios, em estados variados. Para o RGB, não é necessário a adaptação nos primeiros modelos (o “fat”). Eu particularmente optei em pegar o SNES mini oficial da Nintendo, apesar de que no Brasil fica praticamente o mesmo preço caso opte pelo conjunto do console original, incluindo o everdrive genérico e cabo RGB. Preço médio: R$ 800.

SEGA SATURN

Também é legal adquirir o console. O valor do console pode variar muito mas com sorte encontra-se alguns por R$ 600. Sugiro adquirir o cartucho extra de RAM que também funciona como GameShark e destrava de região, que custa uns 400. O cabo RGB decente custa menos de 200, fechando então o preço médio de R$ 1200. Fiz até um vídeo detalhando o custo geral de quando eu peguei o meu!

NINTENDO 64

Enquanto não temos a versão mini, o console em si ainda acha-se a preços módicos no Brasil. O problema é que o mod RGB, dependendo da versão do console, é cara, variando de 250 (no mod mais simples, compatível apenas com certos modelos do consoles) por até 650 (no mod mais avançado, compatível com qualquer console). Soluções plug and play HDMI, encontradas na China, não trarão qualidade maior de imagem, apenas uma conversão direta de vídeo composto para HDMI. O console em si ainda encontra-se por menos de 400. Com o cabo RGB por 200, podemos considerar que o Nintendo 64 com mod e cartucho everdrive genérico não ficará por menos de R$ 1300, considerando um cenário otimista.

SONY PLAYSTATION

Esse também está tranquilo de achar por aí o console, talvez seja até a opção mais barata entre todos. Não recomendo a versão mini por ser realmente deplorável. Supondo o console por 300, juntamente com um cabo decente (SYNC ON LUMA), vamos jogar o preço médio por R$ 500, considerando o console já destravado.

SONY PLAYSTATION 2

Também encontrável aos montes. Como esse o estado de conservação varia muito, vamos elevar um pouco a média de preço com relação ao PS1. Dá pra usar tanto um cabo video componente de qualidade como um cabo RGB, sem adaptações. Preço médio: R$ 600.

DREAMCAST

Eu sugiro usar um cabo do tipo “VGA box”. A qualidade de imagem VGA do Dreamcast é incrível, apesar de também suportar um cabo RGB sem modificações. O console em si ainda é encontrável por aí, mas varia muito o valor dependendo da região. Por 800 seria um bom negócio. Vamos jogar então, considerando os cabos e acessórios, o preço médio em R$ 1200, quem sabe?

XBOX ORIGINAL

O XBOX original precisa de uma adaptação no hardware para “puxar” o RGB, contudo, o cabo de vídeo componente já nos trás resultados bem satisfatórios. Esse console já está começando a ficar difícil de encontrar. Vamos chutar um preço médio de R$ 1200 em um completo, já destravado.

NINTENDO GAMECUBE

Caso não tenha um valor sentimental por ele, a melhor opção seria adquirir um Wii mais um controle do GameCube. Mas, caso queira ele mesmo assim (como eu quis, pois nunca tinha visto um GameCube na vida), um console varia por menos de R$ 800 e o adaptador HDMI decente por volta de R$ 400, contemplando o preço médio de R$ 1200 no conjunto, talvez considerando até um microSD e a destrava, para rodar todos os jogos de forma tranquila e serena.

NINTENDO WII

Esse é uma festa. O momento de comprar um é agora. Para se ter uma idéia, comprei o meu por 250, em excelente estado. O Wii também fica bem satisfatório com um cabo de vídeo componente, portanto, esse é, de longe o console mais barato entre os que podemos adquirir por aqui. Jogando pra cima, o preço médio seria R$ 500.

OUTROS CONSOLES

Cadê o Jaguar, 3DO, Philips CDi, NeoGeo etc? Bom, esses são tão difíceis de encontrar, com preços tão elevados as vezes que seria muito vago eu colocá-los aqui na lista.

DEMAIS ACESSÓRIOS

Lembre-se que você precisa ter o escalonador de imagens caso opte em ligar seus consoles em uma TV LCD! Recomendo o OSSC ou o GBS Control, que possuem o melhor custo benefício e que podem ser encontrado por menos de R$ 600 em lojas chinesas. Nunca, jamais, compre processadores de imagens baratos, como o HD Video Converter. Não vale a pena, MESMO.

Enfim, pessoal, o intuito desse artigo não é de gerar discórdia entre os colecionadores já consolidados e sim tentar clarear a mente de pessoas afim de entrar nessa empreitada e que não sabem nem por onde começar. Não vou falar que a soma de tudo é milhares de reais pois, como disse no início do artigo, o importante é adquirir aos poucos pois sabemos que o segredo do sucesso é segurar a onda. Consciência acima de tudo!