Uma análise do jogo Metroid: Zero Mission
Em julho de 1986, os fãs de ficção científica estavam sendo agraciados com o lançamento da tão aguardada sequência do aclamado Alien (1979) e Aliens (Alien O Resgate aqui no Brasil). Pegando carona neste crescente interesse dos jovens em filmes de terror, suspense e ficção científica, a indústria de jogos estava desenvolvendo uma resposta a altura nos consoles de mesa e é aí que em agosto do mesmo ano a Nintendo, mais conhecida pelos seus títulos voltados para a família, lança um jogo com temática obscura, cheio de suspense, chamado Metroid, este que mudaria por completo os jogos de plataformas e implantaria a não linearidade nos jogos eletrônicos.
E é com este panorama que venho aqui contar a nossa história…
O ano é 20X5, os Space Pirates, conhecidos por saquear e exterminar raças em planetas pacíficos, invadem uma estação espacial de pesquisa, para roubar cápsulas que contém uma espécie de organismo parasita conhecido como Metroid. Estes seres foram descobertos no planeta SR388 depois de extinguir toda a vida lá existente, sugando a energia vital dos seres vivos.
Os Space Pirates, liderados por Mother Brain, tinham o plano de reproduzir esses organismos para utilizá-los como armas biológicas, para dominar o universo. Até que os oficiais da Federação (uma espécie de polícia intergaláctica) descobrem quem estava por trás do ataque à estação espacial, resolvem invadir o planeta Zebes, hoje lar destes Piratas, mas que há muito tempo foi conhecido como um planeta tranquilo e pacífico, bem antes de ser invadido e dominado.
Os oficiais acabam falhando no seu plano de recuperar as cápsulas roubadas e apelam para o seu último recurso, os caçadores de recompensa.
Aí começa a aventura da protagonista Samus Aran (segundo os próprios desenvolvedores, a maior caçadora de recompensas da galáxia).
Aqui já vemos as similaridades com os filmes Alien. Uma raça capaz de exterminar toda a vida no universo, um recurso que poderia ser usado como arma biológica e também uma protagonista feminina, forte, inteligente e única, capaz de mudar todo o rumo da história.
Isso era algo jamais visto nos jogos e foi usado de maneira muito inteligente, tendo a revelação de quem é Samus, somente quando o jogo termina. Isso foi muito surpreendente para todos que jogaram Metroid na época e aqui estou dando a minha humilde opinião que foi necessário, pois a indústria na época dificilmente aceitaria uma personagem feminina, que não fosse secundária ou frágil, necessitando ser resgatada, como podemos observar em Super Mario Bros. Double Dragon, Final Fight e tantos outros jogos da mesma época.
Voltando ao jogo em si, temos duas versões do primeiro jogo e eu quero me atentar a versão de Gameboy Advance, intitulada Zero Mission, um remake competente, que atualizou as mecânicas, os gráficos e conseguiu ainda, ampliar a história, que continua depois do fim do primeiro capítulo desta saga.
APRIMORAÇÃO SONORA
Assim como já citamos no nosso vídeo sobre Castlevania, a trilha sonora presente neste título tinha o papel de criar o clima de suspense e te introduzir ao desconhecido.
O terror presente na música já pode ser observado na tela de abertura. O título do jogo é uma música bem sinistra, bem similar ao tema de Alien, e quando você inicia o jogo, cada cenário tem as suas composições capazes de criar climas bem específicos, algo muito bem explorado pelo compositor Hirokazu “Hip” Tanaka e ela própria é capaz de contar uma história a parte.
JOGABILIDADE:
O level design foi muito bem pensado, utilizando de vários recursos do hardware como rolagem vertical e horizontal de tela, salas enormes e bem diferenciadas, cavernas, grutas, vulcões e tudo que um planeta poderia mostrar. Associado a liberdade de escolha de caminho, se você não tiver acesso a este caminho, te falta algum item ou habilidade, forçando a exploração do mapa.
Falando em mapa, este era realmente extenso e muito bem feito para a época, coisa que chamou a atenção de todos em seu lançamento.
Sobre os comandos estes respondem muito bem e a mudança de armas é bem fácil, parecendo algo mais orgânico, sem precisar entrar em um menu e selecionar uma nova habilidade, coisa que não acontece em Megaman e outros jogos da mesma época. Ponto alto e muito bem pensado, que foi utilizado em toda a série Metroid.
GRÁFICOS:
Os gráficos são bonitos e os elementos tanto dos cenários, como dos inimigos são bem diversificados, vendo hoje não parece ser algo extraordinário, mas entenda que para a época tudo que foi apresentado era bonito e de encher os olhos.
Já no seu Remake, temos uma versão muito competente em termos de manter uma jogabilidade boa e mecânicas aprimoradas, além de expandir o jogo trazendo novos locais e uma parte nova, que ocorre depois do final que seria a morte da Mother Brain.
As semelhanças entre Zero Mission e Super Metroid são perceptíveis, aquela sensação de que foi utilizado muito da fonte do jogo de SNES é algo que você tem o tempo todo ao jogar a versão de GBA. Isso não é necessariamente algo ruim, na verdade eu acho que é a cereja do bolo, pois se você pensar que Super Metroid merece o título de obra prima, assim como este que vos escreve, então esta cópia de elementos é algo engrandecedor nesta obra.
Pensando assim, talvez Metroid Zero Mission seja a versão definitiva e a escolha mais assertiva na hora de começar a jogar a série por completo.
Se um dia você quiser se aventurar na série Metroid e quiser completar a sequência dos fatos, aconselho a começar pelo Zero Mission, um remake extremamente competente (tendo aprimorado a jogabilidade, visuais e navegabilidade) e fiel aos acontecimentos do primeiro jogo da série.
Mas no fundo não importa se você iniciará a sua jornada pelo clássico de NES de 1986, ou o seu remake Zero Missions, a essência continua a mesma.
VEREDITO:
Dentre o que eu abordei no artigo, tenho certeza que este é um título obrigatório para os amantes de jogos de ficção científica e vou além, a todos que gostam de personagens fortes e carismáticos. Ao observar o que Metroid realmente inovou, o que eu gostaria de ressaltar de mais fantástico nesta obra, não seriam os elementos visuais e nem na estrutura do jogo, mas com certeza o protagonista. Ou melhor, A Protagonista.
A exploração, a não linearidade e a sensação de liberdade está presente em todos os títulos da série, algo que até então era exclusivo de alguns títulos em RPG e depois nós acabaríamos tendo um novo estilo de jogo chamado Metroidvania, mas isso é uma outra história…
TO BE CONTINUED…
Ótimo texto! 🙂