Remasterizar é melhor do que “remakear”

Castlevania III com alguns assets de Bloodstained Curse of the Moon

No final dos anos 90, eu já estava cursando Ciência da Computação e a programação de sistema de microcomputadores sempre foi o que eu tinha que seguir mesmo pois eu sempre fui horrível nas habilidades de interação humana. Diziam que eu teria que focar em gestão pra ganhar dinheiro e num sei o quê lá mas, não teve jeito e cá estou, em 2025, ainda nessa doideira de insistir em programar sistemas.

Nessa época, me veio na cabeça a seguinte indagação: “Ora… Se eu sei programar agora, porque não criar um jogo? Criar algo que eu gosto?”. E foi aí que comecei a estudar sobre programação de jogos no meu tempo livre. Estudei DJGPP e Allegro e achei legal demais, já me sentia motivado o suficiente para criar o meu primeiro jogo de DOS. Sim, DOS, em pleno 1999! Mas, no modo 32-bit. É que programar no Windows na época demandava, além de um PC bom, softwares proprietários e espaço em disco (coisa rara na época). O DOS ainda era uma opção viável e de excelente desempenho. Mas, aí que tá… qual jogo eu iria criar? Não pensei em fazer algo do zero e sim, pegar um jogo marcante e refazê-lo. Escolhi Castlevania III de NES. Um jogo memorável e eu sabia que seria um desafio absurdo com alta tendência de desistência, tanto é que nomeei esse projeto como “Projeto Suicida Castlevania”. Eu ainda tenho a página do projeto salva em meus backups… Um dia, quem sabe, coloco no ar aqui neste site.

A ideia inicial do projeto seria redesenhar todo o jogo, tipo, criar um remake, mesmo! Mas aí fui percebendo que seria uma tarefa muito complicada e que eu teria que ter, além de outros programadores, pessoas que soubessem desenhar de verdade. Eu cismava que eu sabia desenhar na época e que daria conta em fazer pelo menos os cenários mas, ledo engano. Fiz o site do projeto, coloquei na Internet pra ver se aparecia alguém interessado em participar. Eu lembro que apareceram dois caras, um que sabia desenhar e outro que queria programar. O de desenho sumiu depois de alguns contatos e o que queria programar pediu para que eu fizesse um “editor de fases” pois, sem isso, seria difícil participar de maneira cooperada (e ele tinha razão). Poxa, aí complicou né… E o projeto foi definhando, apesar de ter deixado o site no ar durante um tempo e ter aparecido outros curiosos.

Mas, tem algo desse projeto? Sim! Eu fiz um teste compilado que eu recentemente rodei no DOSBOX aqui. Peguei, de maneira custosa, os assets de Castlevania III (na época, a maneira que encontrei foi capturando telas no emulador e editando no Photoshop) e fiz uma versão para testar plataforma, colisão, movimentação de inimigos… essas coisas básicas:

Revendo esse vídeo, percebi que vacilei na época. Eu deveria ter insistido em fazer um remaster do jogo, não um remake! Inclusive, quem ainda não leu, recomendo esse artigo que escrevi sobre o tema remake vs remaster vs reboot.

Enfim, mas não seria um remaster radical, seria um remaster “leve” que reaproveitaria os assets do jogo original, acrescentaria detalhe sutis (como, por exemplo, o efeito de paralaxe e detalhes de sangue na caveira, similar como foi aplicado na demo acima), além de acrescentar alguns frames extras e aplicar melhorias na jogabilidade. Seria algo que o IGA fez no excelente Bloodstained: Curse of the Moon.

Bloodstained: Curse of The Moon - Primeira fase
Imagina a fase da floresta de Castlevania III feita nesses moldes?

Não sei se seria coisa da minha cabeça idosa mas, eu acho que ficaria muito mais legal e honraria de forma digna a concepção original do jogo um remaster nesses moldes do que um remake. Estou tentando resgatar alguns projetos que fizeram algo parecido e não consigo lembrar… quem puder, manda aí nos comentários.

No meio dessa doença de fazer remake de tudo, queria ver mais remaster…

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